sábado, 23 de fevereiro de 2008

Sinopse

“Primeira vez, 16mm” é o retrato das atribulações vividas por Miguel Lencastre, um jovem e obstinado cineasta. Tudo acontece antes, durante e depois da rodagem da sua primeira longa-metragem. Trata-se de uma sequência de acontecimentos que reflecte as dificuldades, as frustrações, as alegrias, a excentricidade e o quanto trágico poderá ser o trabalho desenvolvido por uma equipa de filmagem constituída essencialmente por estudantes finalistas da Escola Superior de Cinema.

Revelando um espírito aberto e uma enorme vontade de fazer cinema, João, o director de produção, Jaime, o director de som e Pedro, o director de fotografia, juntam-se a Rita, a assistente de realização, e Victor, o assistente de imagem, aventurando-se com Miguel numa causa na qual praticamente só eles acreditam.

Num casting improvisado num café, Miguel descobre Ana, uma adolescente cujo perfil corresponde exactamente ao pretendido para actriz principal, completando assim o conjunto de pessoas que o circundam mais intimamente.

De forma a financiar o seu projecto, Miguel envia cartas de pedido de patrocínio a empresas, câmaras municipais e todo o tipo de entidades que possam contribuir com dinheiro. Como contrapartida propõe que nas cenas do seu filme estejam presentes os produtos ou sejam feitas as devidas referências aos patrocinadores.

Miguel conduz quase intuitivamente o destino da sua equipa, no sentido de concretizar uma experiência cinematográfica utilizando recursos materiais e financeiros francamente escassos. A comprová-lo está o facto da película utilizada possuir um formato considerado bastante limitado, logo, mais barato: 16mm.

Trata-se, no fundo, de um olhar sobre a ingenuidade; sobre uma “primeira vez” que se descobre gradualmente, como se da construção de algo totalmente novo e desconhecido se tratasse. O momento que cada personagem atravessa na sua vida é, ele próprio, um pedaço de tempo isolado, que se entrelaça de maneira caótica no conjunto de todos os restantes intervenientes, resultando num envolvimento pessoal mais profundo.

Em torno de Miguel, gravitam todos os que constituem a sua equipa, o seu bando, e o acompanham contagiados pela sua vontade em concretizar um projecto grandioso. Cada um dos elementos que integra a equipa de filmagem acalenta um sonho, enfrentando-o com um certo deslumbramento. Há, como pano de fundo, um sentido quase heróico, de conquista, perante as dificuldades que surgem em praticamente todos os momentos. A equipa de filmagem tenta superar-se a ela própria, sendo essa a única forma de vencer os vários contratempos que testam a persistência de todos.

Durante a rodagem do filme de Miguel, observamos o seu percurso interior, durante o qual se sucedem acontecimentos que afectam inexoravelmente os restantes elementos. A noção de percurso está, aliás, explícita no deambular constante entre diferentes destinos - semelhante ao modo de estar de uma tribo nómada - que se repartem por Lisboa, Sintra, Figueira da Foz, Alentejo, Madrid, Paris e Veneza. Este é, por ventura, o destino mais intimista, devido até ao seu ambiente peculiar, caracterizado por nuances, tons e sons sem paralelo.

É em Veneza, aliás, que Miguel e Ana criam algum envolvimento emocional. Por outro lado, são vividos momentos de enorme tensão devido a inúmeros problemas técnicos, que criam os inevitáveis confrontos pessoais: durante as primeiras filmagens, a câmara sofre uma avaria, pondo em causa a continuidade de todo o projecto. A isto acresce-se o facto de Miguel ter feito a viagem sem dinheiro o que causa um tremendo embaraço para toda a equipa.

Miguel filma cenas da sua longa-metragem e, intercaladamente, realiza filmes promocionais como forma de angariar fundos que lhe permitam alcançar o seu objectivo maior. Neste vaguear pelo mundo há toda uma sequência de momentos que reflectem o quotidiano imprevisível de quem tem como paixão o cinema. No entanto, é o frio parisiense que antecede o momento do acidente de automóvel que envolve Miguel, Pedro, Virgílio, o condutor, e Ana, que faleceu em resultado do embate.

É aqui que Miguel sofre um choque emocional e decide dar o seu projecto por terminado. Segue-se a sua exibição numa sala repleta de espectadores. Miguel, perante a plateia, dedica o seu trabalho a Ana, a jovem actriz falecida. Inicia-se, então, o visionamento do filme numa sala de província. Qual será o preço a pagar por um “happy end”?...

4 comentários:

Anónimo disse...

O argumento promete. Estou curiosa para ver o resultado. Entretanto, e porque imagino o quanto é difícil fazer cinema independente em Portugal, desejo a toda a equipa o maior dos sucessos.

Anónimo disse...

gostaria de saber mais informaçoens sobre o filme quem sao os actores que vao filmar para veneza? li no jornal "expresso" que a actriz marisa paredes esta a participar no vosso filme é a mesma actriz que participa nos filmes do realizador pedro almodovar e do filme italiano a vida e bela do Bennini(adorei esse filme)?
Madalena Cruz

Anónimo disse...

Olá Madalena Cruz,

Lemos o teu comentário, confirmamos que a actriz que está a participar no filme é de facto Marisa Paredes (de “A Vida é Bela” de Roberto Bennini– 3 Óscares e uma das principais "chicas" de Pedro Almodôvar que entrou em filmes como “Tudo sobre a Minha Mãe” – 1 Óscar e “Fala-me Dela” – 1 Óscar). Se pesquizares no google cosegues mais informações sobre o filme.
Chiado Filmes

Anónimo disse...

sim...eu também estou bastante curiosa para ver o resultado final.
Mas a minha curiosidade ainda é maior porque pela primeira vez assisti a filmagens de um filme (1a vez 16mm), e uma coisa é o processo, outra é o produto final. Tive pena de ter sido só um dia, mas bastou para comprovar que todo o trabalho em volta da realização de um filme não é nada facil!
Boa sorte para a equipa

Filipa Almeida